quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Discurso de Serra ofende mulheres

Mulheres reagem a pedido de Serra para convencer pretendentes

Correio do Brasil - 28/10/2010 21:04,  Por Redação, do Rio de Janeiro


O candidato tucano, José Serra, gerou uma nova onda de protestos na internet, no início da noite desta quinta-feira, por parte das mulheres que se sentiram ofendidas com o pedido do candidato, feito no encerramento do discurso em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para uma plateia de cabos eleitorais e convidados. Ele apelou para que para as “meninas bonitas” busquem convencer os seus pretendentes masculinos a votar nele, principalmente na internet.

– Quero me concentrar agora no que vamos fazer até domingo. Temos que não apenas votar, temos que ganhar voto de quem está indeciso, voto de quem não está ainda muito decidido do outro lado – argumentou o candidato.

Segundo o candidato tucano, mulheres bonitas têm mais condições de cabalar votos para a aliança da direita.

– Se é menina bonita, tem que ganhar 15 (votos). É muito simples: faz a lista de pretendentes e manda e-mail dizendo que vai ter mais chance quem votar no 45 – completou.

A proposta caiu mal para as mulheres brasileiras que, no Twitter, alçaram o primeiro lugar nos trends (assuntos mais debatidos nas redes sociais) nacionais e terceiro lugar, em nível mundial, com as mensagens de protesto contra o candidato.

“Sou mineira e bonita, mas não tenho tenho vocação pra trabalho de bordel”, escreveu @fiz_mesmo, seguida de @velvetinha: “Credo, o Serra é antigo, que ideia mais triste, gente. Ele imagina as meninas coqueteando para ganhar votos. Perai, vou ali vomitar”.

Os protestos foram rastreados pela tag #serracafetao, que chegou ao terceiro lugar em nível mundial, no início da noite. O internauta @emrsn ponderou que “por muito menos o Ciro foi mega desacreditado pela imprensa”, e @purafor pergunta se esta seria uma proposta do candidato para se criar “um bordel a nível nacional”. Enquanto isso, @rodrigonc, que não deve passar dos 14 anos, aproveita para entrar na discussão, “só avisando às meninas bonitas do Twitter: podem me mandar DM (mensagem direta, na tradução do inglês) que a gente já pode negociar esse voto”.

O internauta @luisfelipesilva acirra o debate ao constatar que “não tem profissão mais ingrata do que ser marketeiro do Serra, haja gafe…”, mas coube à internauta @alessandra_st colocar o tom do protesto: “Serra desvaloriza a mulher e subestima eleitorado feminino em MG”, concluiu.


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O texto acima foi transcrito do site CORREIO DO BRASIL

http://correiodobrasil.com.br/mulheres-reagem-a-pedido-de-serra-para-convencer-pretendentes/188507/?sms_ss=facebook&at_xt=4cca19b250e03ccd%2C0

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Carta do Pedro Bial

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Esta semana circulou na rede uma carta de Pedro Bial que aborda o tema das eleições presidenciais deste ano. No texto, o jornalista da Globo demonstra seu caráter, valor profissional e honestidade. Por isso resolvi transcrevê-lo aqui:

Carta do Pedro Bial


"O Hino Nacional diz em alto e bom tom (ou som, como preferir) que “um filho seu não foge à luta”. Tanto Serra como Dilma eram militantes estudantis, em 1964, quando os militares, teimosos e arrogantes, resolveram dar o mais besta dos golp...es militares da desgraçada hist...ória brasileira. Com alguns tanques nas ruas, muitas lideranças, covardes, medrosas e incapazes de compreender o momento histórico brasileiro, “colocaram o rabinho entre as pernas” e foram para o Chile, França, Canadá, Holanda. Viveram o status de exilado político durante longos 16 anos, em plena mordomia, inclusive com polpudos salários. Foi nas belas praias do Chile, que José Serra conheceu a sua esposa, Mônica Allende Serra, chilena. Outras lideranças não fugiram da luta e obedeceram ao que está escrito em nosso Hino Nacional. Verdadeiros heróis, que pagaram com suas próprias vidas, sofreram prisões e torturas infindáveis, realizaram lutas corajosas para que, hoje, possamos viver em democracia plena, votar livremente, ter liberdade de imprensa. Nesse grupo está Dilma Rousseff. Uma lutadora, fiel guerreira da solidariedade e da democracia. Foi presa e torturada. Não matou ninguém, ao contrário do que informa vários e-mails clandestinos que circulam Brasil afora. Não sou partidário nem filiado a partido político. Mas sou eleitor. Somente por estes fatos, José Serra fujão, e Dilma Rousseff guerreira, já me bastam para definir o voto na eleição presidencial de 2010. Detesto fujões, detesto covardes!"

Pedro Bial, jornalista.*

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sábado, 9 de outubro de 2010

Demissão da colunista do Estadão

Transcrito do site Observatório da Imprensa.



"A última coluna da psicanalista

Por Luciano Martins Costa em 8/10/2010
Comentário para o programa radiofônico do OI, 8/10/2010


O Estado de S.Paulo finalmente publica, na edição de sexta-feira (8/10), cartas de leitores contrariados com o afastamento da psicanalista Maria Rita Kehl, que escrevia aos sábados no caderno chamado "C2+Música".

Textos sobre o assunto vinham pontuando na internet, em geral acusando o jornal de haver demitido a colunista por haver escrito um artigo no qual falava sobre eleições e a favor do atual governo.

A resposta oficial do Estadão, assinada pelo diretor de Conteúdo Ricardo Gandour, é que a colunista foi afastada num processo "natural" de substituições que vem ocorrendo no jornal. E que não se trata de censura. No entanto, o diretor do jornalão paulista deixa claro que andava contrariado, desde semanas antes, pelo fato de que Maria Rita Kehl vinha escrevendo sobre política, comportamento de eleitores e campanha eleitoral.

Há preconceito

Na justificativa publicada na sexta-feira, ao pé das cartas de leitores, o jornal diz que "o projeto original do caderno ‘C2+Música’ é ter aos sábados um espaço para a psicanálise, mas não era esse o enfoque que Maria Rita Kehl vinha dando à coluna". Ora, o jornal parece ignorar que em psicanálise os temas são quase sempre tratados indiretamente, buscando interpretações da realidade muitas vezes através de metáforas.

Na última coluna, publicada no sábado, dia 2, véspera das eleições em primeiro turno, a psicanalista tratou das correntes de mensagens na internet que procuram desqualificar os votos dos mais pobres, dizendo que são vagabundos porque, segundo esses missivistas, preferem viver do Bolsa Família do que procurar emprego.

Esse renitente preconceito, que realmente faz parte dos bordões mais conservadores das eleições desde 2006, não deveria ser considerado assunto estranho a uma psicanalista. Mas acontece que Maria Rita Kehl defende publicamente o Bolsa Família, o que deve ter desagradado a alguns próceres do Estadão.

O fato de o jornal haver publicado a última coluna, justamente essa que aborda a questão do preconceito de classes, não alivia a percepção geral de que houve, sim, um viés político a precipitar o afastamento da colunista. Principalmente porque em nenhum outro espaço o jornal se permitiu discutir o tema tratado por ela em sua derradeira colaboração: existe, de fato, esse preconceito, que viceja na internet e foi estimulado pela imprensa.

Ausência notada

É fato facilmente comprovável, principalmente pelos observadores que têm a mania de colecionar editoriais, artigos e manchetes de jornais e revistas, que a imprensa tradicional, majoritariamente, passou os últimos anos, até muito recentemente, demonizando as políticas sociais do atual governo.

O governo anterior também produziu políticas semelhantes, embora de menor alcance, quase todas idealizadas e conduzidas pela falecida ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Este observador teve a oportunidade de assistir uma conferência de Dona Ruth na Universidade Berkeley, nos Estados Unidos, sobre seus programas sociais, que foi entusiasticamente aplaudida pela platéia de professores e estudantes americanos.

O trabalho de Ruth Cardoso não foi tratado com o mesmo preconceito. Foi simplesmente ignorado por aqui, embora aplaudido internacionalmente. Ela nunca mereceu da imprensa brasileira o devido reconhecimento. Seria o mesmo preconceito?

Foram inúmeros os editoriais, artigos e reportagens tentando desqualificar o Bolsa Família. Houve em São Paulo, nos últimos cinco anos, pelo menos três seminários técnicos sobre avaliação de resultados econômicos dos programas sociais de transferência de renda, todos organizados pelo Instituto Itaú Social, do Banco Itaú. Em todas essas ocasiões, demonstrou-se que tais programas produzem resultados econômicos consideráveis, e não apenas no Brasil, mas também em países como México, Índia e Colômbia.

Este observador compareceu a todos esses seminários. Nunca encontrou por lá nenhum diretor de jornal ou revista. Apenas em um deles, ocorrido em 2006, apareceu o editor de Economia do Estadão, que se confessou completamente alheio ao assunto.

Evidências à vista

O artigo que encerrou a carreira de Maria Rita Kehl no Estadão falava de preconceitos e de uma luta de classes dissimulada cujos fragores podem ser percebidos em correntes na internet.

Mas essa luta de classes também está presente na chamada grande imprensa, nos artigos de profissionais referendados por lustrosos títulos acadêmicos, nos quais se condena liminarmente qualquer política pública que procure resgatar a desigualdade que prejudica os brasileiros de pele escura e os programas sociais de transferência de renda.

Com tantas evidências, fica difícil justificar o afastamento de uma colunista que discorda dessa linha editorial."




Fonte: Observatório da Imprensa - http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=610IMQ009
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