terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Manteiga na pipoca

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Na semana passada, a lanchonete do Cinemark do Shopping Downtown, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, foi palco de um episódio de racismo, envolvendo uma freqüentadora da casa e uma funcionária do estabelecimento.

A agressora, uma produtora de cinema, descontente com a quantidade de manteiga em sua pipoca, sentiu-se no direito de atacar a atendente, diminuindo-a por sua cor de pele, chamando-a de “negrinha”. Graças à iniciativa do gerente da casa e freqüentadores do cinema que, sensibilizados com a funcionária, o caso foi parar na delegacia de polícia.

Felizmente, ainda há um pouco de sentimento de solidariedade entre as pessoas. Que este caso sirva de exemplo para outros tantos, que ocorrem no dia-a-dia, e os que presenciam fingem nada estar acontecendo.

A solidariedade é a única esperança para a paz mundial.

O fato foi registrado pela reportagem do jornal O Globo do dia 25 de janeiro.

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Sem-terra, sem-teto

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Na coluna “Cartas dos Leitores”, do jornal O Globo, na última sexta-feira, dia 25 de janeiro, dois missivistas atacam impiedosamente os sem-terra e os sem-teto. Longe de defender vândalos e criminosos, os sem-terra e os sem-teto, em sua grande maioria, são trabalhadores honestos, que ajudaram a maioria dos grandes empresários e especuladores a construírem suas fortunas. Será que os missivistas conhecem de fato a origem desses patrimônios que afirmam terem sido “alcançados com tanto sacrifício”? Esses imóveis que dizem estar sendo invadidos, estando vazios, cumprem alguma função social? É muito fácil radicalizar, girando a metralhadora contra todos, acusando-os de fora-da-lei, quando não se tem conhecimento da causa.


(Este texto foi enviado para a coluna "Cartas dos Leitores", do jornal O Globo)

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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Plano Diretor ...

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E por falar em Plano Diretor ...

Tenho certeza que a grande maioria da população não sabe do que se trata. Lamentável, pois, o Plano Diretor deveria ter a participação de todos.

O Plano Diretor, além de ser uma exigência da Constituição Federal, regulamentada pelo Estatuto da Cidade, é uma Lei Municipal, aprovada pela Câmara de Vereadores, é o principal instrumento de política urbana do município. É o instrumento que serve para orientar as políticas e programas para o desenvolvimento ordenado da cidade.

Com um Plano Diretor elaborado com a participação popular, como é previsto na lei, a cidade terá como solucionar seus problemas de transporte, saúde, educação, saneamento, preservação ambiental, habitação, lazer, entre outros. Caso contrário, é conversa pra boi dormir.

Vemos diariamente nos principais veículos de comunicação, os graves problemas relacionados principalmente à Saúde e à Educação, o que acaba, de certa forma, desviando a atenção de outros assuntos também de grande importância, como transportes, saneamento básico, preservação ambiental, limpeza urbana, enfim... São tantos os problemas que fica difícil enumerá-los.

Nos governos deste atual grupo político, que está na Prefeitura do Rio há cerca de 16 anos, o Rio Cidade foi o projeto que mais se destacou. Porém, um projeto de fachada, simplesmente para angariar votos. E assim como este, todos os projetos elaborados pela atual administração municipal, acontecem sem planejamento algum.

Não existe atualmente no Rio de Janeiro um projeto de longo prazo, que venha realmente contemplar a população do município, para que todos possam morar, trabalhar e viver com dignidade. Um dos exemplos práticos é o problema do transporte alternativo – as vans. No início, eram algumas dezenas. Em pouco tempo, multiplicaram-se e hoje são milhares transportando passageiros precariamente pelas ruas da cidade. Agora, querem encontrar uma solução para as vans. Então, algum vereador entra com um projeto na Câmara para regulamentar este tipo de atividade que não era prevista em lei. E tudo acontece assim. É igual a uma colcha de retalhos. Vai se adaptando a lei à bagunça que vai se formando por conta da falta de planejamento, principalmente pela falta do Plano Diretor realizado com a participação popular.

Tudo o que se faz no Rio, não tem planejamento. Todas as “melhorias” são feitas por conveniência. O metrô vem expandindo suas linhas de integração. No ano que passou, a cidade realizou grandes obras para os jogos pan-americanos, prepara-se para receber a copa do mundo, as olimpíadas. Qual o planejamento ordenado para que esses eventos aconteçam? Tudo é tudo feito de forma irresponsável. É o dinheiro dos contribuintes sendo jogado no lixo.

Com a participação popular na elaboração do Plano Diretor, a cidade será planejada para atender às necessidades da população. Todos serão beneficiados. O orçamento municipal atenderá às prioridades definidas pelo Plano Diretor. Da mesma forma, as políticas públicas serão priorizadas para garantir o bem estar de todos.

O assunto é muito complexo. Mas, uma coisa é certa, o prefeito do Rio de Janeiro tem usado todo o seu “poder”, do jeito que pode, para impedir a participação popular na elaboração do Plano Diretor, uma vez que com ele (o Plano Diretor) seus projetos pessoais vão por água abaixo. Fique atento. Somente com a participação popular poderemos inverter essa situação, priorizando metas e exercendo o controle sobre os investimentos públicos.

Não fique simplesmente reclamando que isso ou aquilo está errado. Que os políticos são isso ou aquilo. Participe das discussões e das decisões. Só assim conseguiremos alcançar nosso principal objetivo: Uma cidade em que todos possam viver com dignidade.

O assunto continua amanhã... Há muito pano pra manga!

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

IPTU X Plano Diretor

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A discussão quente dos últimos dias, encampada pela mídia do Rio de Janeiro, tem sido em torno da questão do IPTU. Com um decreto assinado na surdina pelo prefeito César Maia, ao apagar das luzes do ano passado, os contribuintes perderam o desconto que era concedido já há alguns anos. Sem esse desconto, o tributo passa para um valor absurdo, cerca de 300% mais alto.

Mas, a questão maior, é a seguinte:

Como são aplicados os recursos do IPTU no Rio de Janeiro?

Da forma que a cidade do Rio de Janeiro é administrada, com certeza não há resposta para esta questão. Quem arriscaria a justificar com seriedade a aplicação de recursos numa cidade que não tem um “Plano Diretor” decente, que tenha sido elaborado com a participação da sociedade civil organizada, contemplando as necessidades reais da população do município.

Todas as ações atuais do governo municipal do Rio de Janeiro, são de tapa-buracos. Não há planejamento algum de longo prazo. São todas ações politiqueiras.

Transportes = caos
Saúde = caos
Educação = caos
Habitação = caos
Limpeza urbana = caos
Enfim... a cidade é um caos total.

A solução para tudo isso é muito simples: Planejamento sério, comprometido somente com as necessidades da população.
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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Preocupante

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Que o aumento vertiginoso da população de rua no centro da cidade e bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro é alarmante, é! Entretanto, mais preocupante ainda é o desaparecimento repentino de centenas de pessoas da zona central de um dia para o outro. É o caso dos desabrigados que até poucos dias atrás dormiam sobre as marquises da Avenida Presidente Vargas e ruas adjacentes. Não os vejo mais em lugar algum da cidade.

Nos dias que antecederam o início da realização dos jogos pan-americanos, em 2007, houve uma limpeza. Centenas de moradores de rua também desapareceram do centro da cidade do Rio de Janeiro. Para onde foram, ninguém sabe e jamais a “sociedade” terá conhecimento do destino desses infelizes, pois, se já não são contados pelo censo oficial do IBGE, oficialmente eles já não existem. Isso é muito triste acontecer em um país com tantas riquezas como o nosso.
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Cidade Maravilhosa

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"Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil,
Cidade maravilhosa
, coração do meu Brasil"


O Rio de Janeiro, berço inspirador de tão lindas canções e que outrora foi tão cantado como a “Cidade Maravilhosa”, atualmente, apesar de todos os atrativos naturais exuberantes, já não merece que se cante o verso da canção de Gilberto Gil, “Aquele Abraço”, onde diz que “o Rio de Janeiro continua lindo...”, tamanho o descaso do poder público constituído, em todas as esferas, na promoção do bem estar social como um todo.

A exclusão social nunca foi tão visível. É assustador o número de pessoas que vivem perambulando pelas ruas, alguns dependendo de esmolas para o sustento, outros catando latinhas, papelão, enfim..., mas todos sem a mínima oportunidade de sobrevivência digna, sem um lugar para morar. O entardecer ou o amanhecer nas principais ruas e avenidas do Rio de Janeiro, seja em bairros da zona sul, ou no centro da cidade, nos mostra um espetáculo entristecedor, desumano.

Nesta consideração, que vale para outras grandes cidades brasileiras, onde a situação não é diferente, é de se destacar que a população de rua não consta da contagem no censo oficial do IBGE.

E para quem não lembra da canção, ou não a conhece, aqui vai a letra:

AQUELE ABRAÇO

Gilberto Gil – 1969

"O Rio de Janeiro continua lindo
O Rio de Janeiro continua sendo
O Rio de Janeiro, fevereiro e março
Alô, alô, Realengo - aquele abraço!
Alô, torcida do Flamengo - aquele abraço!
Chacrinha continua balançando a pança
E buzinando a moça e comandando a massa
E continua dando as ordens no terreiro
Alô, alô, seu Chacrinha - velho guerreiro
Alô, alô, Terezinha, Rio de Janeiro
Alô, alô, seu Chacrinha - velho palhaço
Alô, alô, Terezinha - aquele abraço!
Alô, moça da favela - aquele abraço!
Todo mundo da Portela - aquele abraço!
Todo mês de fevereiro - aquele passo!
Alô, Banda de Ipanema - aquele abraço!
Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço
A Bahia já me deu régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu - aquele abraço!
Pra você que meu esqueceu - aquele abraço!
Alô, Rio de Janeiro - aquele abraço!
Todo o povo brasileiro - aquele abraço!"

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quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A Cézar o que é de Cézar

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O texto de hoje vai em homenagem ao companheiro mexicano Cézar Zorro, da cidade de Toluca de Lerdo, capital do estado do México. E, escrever sobre o México e seu povo torna-se tarefa muito agradável, principalmente por serem os mexicanos pioneiros nas lutas contra a globalização neoliberal, que tantos males sociais tem provocado ao Brasil, à América Latina e ao Mundo.

Para justificar a afirmativa, cito como exemplo o levante indígena ocorrido em janeiro de 1994, em resistência à implantação do neoliberalismo no México, amparado pelo projeto “salinista”, não aceitando também as promessas enganosas que buscavam legitimar o ingresso do México, através do NAFTA (Área de Livre Comércio da América do Norte), no “primeiro mundo norte-americano”, além de revelar as desastrosas conseqüências sociais e o caráter imperialista embutidos nestes acordos. Enfim... São tantas as experiências mexicanas, mas estes fatos já servem para demonstrar a importância e influência do México para que as lutas de classes sejam mais amplas na América Latina.

Fica aqui meu agradecimento ao amigo, arquiteto Cézar Zorro, pelo prestígio, com a justa homenagem ao povo mexicano pela dignidade com que buscam suas conquistas sociais.

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